Vida de cão!

Texto e foto por: Diogo de Maman

Não sei bem por onde começar, a vida é mesmo difícil. Quando menino pensava que eu podia fazer tudo que quisesse. Mas o tempo passou e a vida me pôs limites. Pra começar nunca tive a vida dos meus sonhos, tive que aprender a ouvir muitos não. Jamais pensei que eu fosse tratado como um cachorro embora fosse. Sujeitinho eu de caráter meio duvidoso, por quantas vezes me olhei no espelho e tive raiva de mim mesmo? Raiva por não ter conseguido aquela vida dos sonhos que almejava. Como era boa aquela ingenuidade. O mundo era algo melhor. Ir à padaria e ficar imaginando que eu era super-herói, que eu podia alcançar tudo que imaginava. Isso sim era uma vida boa. Mas depois vi que não era assim que funcionava. Minha família nunca me ensinou o que fazer quando o desespero chega batendo na porta. Ficar vagando por ai nas ruas escuras da cidade não era a melhor solução, mas me fazia sentir melhor, me fazia lembrar da época da padaria, que eu era super-herói.

Ser tratado como vagabundo simplesmente porque habita no mundo não foi muito agradável. Mas não tinha mais motivo pra viver. Se existe outro inferno além desse, minha nossa não quero conhecer tão cedo, embora, eu tenho grandes chances de ir pra lá. Se me perguntares o por quê? Apenas direi que não fui um bom rapaz, sem entrar em detalhes, se não, você mesmo vai me deixar aqui falando sozinho. Está certo que não vou me sentir solitário, pois, me sinto assim todos os dias. Então, não faria muita diferença, mas eu faço questão em ter alguém pra conversar. Alguém pra desabafar que a minha vida está passando e não foi nada daquilo que imaginei.

Como é duro pra mim, olhar no meu reflexo na água e ver uma imagem velha, acabada, detestável e o pior de tudo, ver que sou um fracassado. Tenho o direito de jogar a culpa na minha família. No pouco tempo que estivemos juntos, ninguém me disse pra seguir, então parei no tempo. A única dúvida que tenho é que se tivesse tido mais tempo, eu aprenderia alguma coisa diferente? Sinceramente, tento me iludir que sim. Por outro lado, me sinto mais confortável porque a chance da resposta ser não é muito grande e além de eu mesmo me odiar, as pessoas que eu mais amei na vida também me odiariam e isso eu jamais suportaria.

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