Nessa estrada da vida!



Texto e foto: Diogo de Maman

exatos 10 anos, lembro-me que nessa mesma hora que escrevo aqui, eu já estava afim de voltar, já estava cansado, o destino parecia nunca chegar. Já não queria mais saber qual era o outro lado, estava trocando o duvidoso por uma incerteza. Estava indo para um lugar que eu jamais imaginei que existisse Nunca tinha imaginado que haveria diferenças de culturas por mais que morássemos no mesmo país. Pois bem, no dia 04 de Fevereiro, numa segunda-feira, aos 11 anos, deixo minha cidade natal pra ir parar numa outra cidade que apesar de tudo é uma terra de grandes oportunidades que com a benção de Deus deu tudo certo para todos da minha família.
Pra quem ainda tem dúvidas, sim, hoje faz 10 anos que passei a morar em Uchoa, ganhei um novo lar. O tempo passou e por muitas poucas vezes eu relembrei em minha memória como foi tudo isso.
Meu pai que voltara há poucos dias de Uchoa, disse que estava voltando pra lá e que iria mudar pra lá, nunca obrigou a gente acompanhar ele. Disse que se quiséssemos acompanhar éramos bem vindo. Eu e minha mãe ficamos animados com a ideia, na época o que eu mais gostava era de conhecer os lugares. Ia para o centro de Barra Mansa e ficava encantado com tudo aquilo, imagina conhecer outro estado. Fizemos as nossas malas, embarcamos num carro lotado que havia apenas um espaço milimetricamente para mim, fui apertado a viagem inteira e lembro que passei muito calor. Ah, pra quem me conhece deve estar perguntando e as minhas irmãs? Elas estavam em Caçapava, interior de São Paulo, na casa de uma antiga vizinha, no qual, chamamos de tia até hoje.
Era umas 4 horas da tarde quando finalmente chegamos aqui no posto que meus pais trabalham até hoje. Era tudo tão grandioso aos meus olhos, tudo tão bonito. E quando fui dormir naquele dia, minha mãe me perguntou o que achei daqui. Disse simplesmente: Eu gostei mãe!
Depois de uns dias chegou minhas irmãs que por sinal deviam estar desconfiadas também, e elas reclamavam que não se despediu de ninguém em Barra Mansa. Mas acabamos voltando lá um tempo depois pra fazer a mudança completa.
Não lembro como foi a minha despedida, mas também não faço questão, sei que não é exclusividade minha em não gostar de despedida, mas isso sempre foi um assunto muito delicado pra mim.
Voltamos pra Uchoa novamente, e eu e minhas irmãs iríamos enfrentar nossos primeiro dia de aula. O meu foi tranquilo, muito melhor do que imaginei, ainda lembro o nome dos dois meninos que foram lá conversar comigo, aprendi muito com eles no quesito hospitalidade. Agora sempre quando vejo alguém novo no pedaço, parte de mim sempre tentar enturmar essa pessoa na tribo nova e ver que ela pode ser tão boa quanto a que ela tinha antes. Mas enfim, o nome dos meus primeiros dois amigos é o Anderson Lucas Baratta e o André Carlos de Oliveira, fui muito amigo dos dois, mas infelizmente a gente cresce e cada um vai pra um lado e acabamos perdendo o contato quase que total, mas eles sempre terão meu respeito.
Porém, nem tudo são flores, passei por discriminação, um pouco por causa da minha cor clara da minha pele e outro por causa do sotaque de carioca. Bullying, essa é a palavra ideal pelo que passei, alguns dias eu estava tão desanimado que não tinha vontade nenhuma em ir pra escola pra passar por aquela implicância sem motivo, as vezes só queria que me deixasse em paz, e naquela época eu era tão ingénuo que se alguém gritasse comigo, simplesmente começava a chorar, não entendia porque a pessoa estava fazendo isso comigo, já que eu nunca tratei ninguém daquela maneira, apenas queria que me tratasse igual.
No meio desse mesmo ano, voltou pra Uchoa uma pessoa que hoje é um dos meus melhores amigos até hoje, esse cara é o Renan, Renan Dias Teixeira, passávamos pelo mesmo problema na escola, isso pode ter sido essencial para consolidação da nossa amizade e outra coisa que não tenho dúvidas é o fato de adorarmos rir, sempre foi bom ter alguém que ache graça das mesmas coisas que você, o Renan é um cara desse.
E esse cabeção foi crescendo, foi questionando o mundo e não concordava com algumas coisas que tinha, tentava achar resposta, mas hoje, 10 anos depois, talvez seja genético, meu pai na minha idade tinha certeza que era o mesmo questionador que eu era. Pena que com o passar dos anos, ele perdeu a essência e não acredita mais no mundo, mas eu ainda estou na luta e vou até o fim.
Como tive uma infância feliz, penso eu. Tinha video-game e jogava bola todas as tardes com meus outros amigos, o nome deles: Luiz Henrique Isque, Gustavo Mateus, Fernando Sanitá, Rafael Caetano às vezes, os irmãos Adeilton e Aneilton e mais um monte de gente.
Mas apesar de tudo, minha vida não era como sempre imaginei. Eu imaginava que eu era o tal, que eu era conquistador das garotas, que eu lutava pelos meus ideais. A vida estava passando e vi que alguma coisa teria que ser feito, foi quando descobri a leitura, até então, imaginava que a leitura era só aquele algo chato que tinha na escola, que não era interessante. Depois que vi que tem tudo que se imaginar, bastava apenas vontade de procurar, digamos que eu dei uma revolucionada, aprendi lendo os outros o que fez no passado, via exemplos e via o que eu podia copiar para melhorar pra mim mesmo. Aos poucos minha vida foi mudando, passei a ter um senso critico diferente da maioria e a auto-estima melhorou muito. Era uma outra pessoa praticamente.
Vi que tava tão mudado que aos 15 anos, 4 anos depois de ter deixado Barra Mansa, voltei pra lá de ônibus, numa viagem de 12 horas. Fiquei na casa de meus amigos lá. Fiquei na casa da tia Léa, do Públio e do João Eduaro, depois fiquei na casa do Carlos Henrique, foi muito legal essa viagem, fui pra lugares que até então tinha ido poucas vezes quando morava lá, o centro da cidade. Agora eu podia ficar lá quanto tempo fosse e por incrível que pareça, aquilo continuava me encantando, tudo na verdade naquela cidade continuava me encantando. A hora lá parecia passar mais leve, com menos peso nas costas, talvez porque a chance de ser algo lá fosse menor que Uchoa. A única baixa que eu colocaria nessa viagem foi que mal vi um outro amigo meu, o Vinicius, sei lá, 4 anos sem se falar, quando nos falamos, mal tínhamos assuntos, cheguei a pensar que a amizade acaba com o tempo, que não via aquele Vinicius que jogávamos bola na rua, foi simplesmente muito frio, tivemos pouco tempo. Vi ele duas vezes em 15 dias que fiquei lá e falamos muito pouco. Quando voltei pra Uchoa fiquei chateado por não ter enccontrao um amigo que considero tanto, só não foi pior porque lá o Ricke, o Carlos Henrique, foi muito foda, é um amigo muito fiel que nunca, não me lembro uma única vez que ele deixou de fazer alguma coisa que sugeri, muito fiel e tá, eu sei que não fui o mesmo com ele em muitas vezes, mas ele é tão foda que simplesmente nem deve saber disso.
Na minha nova fase, do colegial agora, passei a estudar com umas garotas da turma da tarde que eram tão bonitas, que eu simplesmente adorava estar lá, até me apaixonei por uma delas, Mayara, é o nome dela, cheguei até a brigar com o Renan uma vez por causa dela, eu simplesmente estava cego de amor e eu ficava tão frustrado por dar uma volta com ela na cidade de Rio Preto a tarde e na despedida a gente simplesmente nos despediamos com um beijo no rosto, caramba, como eu desejava sua boca naquele dia. Passava o dia todo praticamente trancado no quarto ouvindo minhas músicas reflexivas. Sim, ouvia muito Engenheiros do Hawaii e um pouco do que sou, se deve muito ao Humberto Gessinger, meu maior ídolo.
Chegou o 3º colegial e num dos primeiros dias de aula sempre deixei bem claro que seria um ano ruim, pois, teria despedida. Estava chegando a hora de nos separar, eu sempre pensei como seria e digo hoje que não é muito daquilo que imaginava, muitas pessoas nunca mais a vi. Mas foi uma época muito gostosa da minha vida. Me formei, fiz 18 anos, tirei carta e o que que eu fiz? Comecei a namorar. Aquilo que eu almejava tanto, larguei mão por causa de um namoro, mas o que importa é que hoje não me arrependo do que fiz. Apenas depois do que fiz. A única coisa que fazia questão depois desse namoro, nunca consegui, que era mantermos o respeito um ao outro, falhei, não consegui e até hoje sinceramente não sei o que aconteceu. Fiquei mal, muito mal, nunca pensei que gostava tanto dela assim. Mas a melhor forma de me recuperar era seguir em frente, sempre tive na minha cabeça que teria muito mais garotas melhores que ela. Então, tratei de passar a ser feliz. Sai muito, conheci lugares, pessoas, comidas e bebidas e disso tudo tirei um grande aprendizado. Aprendizado, ainda não citei a faculdade. Sou um cara abençoado, sempre tive sorte de cair em classes de pessoas legais, na facul, a minha turma eu falo que é foda, os professores são maravilhosos, mas quem me conhece, sabe que duas pessoas se tornou meus amigos de infância mesmo, é o Jonas e o Luiz Carlos. A faculdade sem eles não teria a mesma graça que está tendo até hoje. Por mais que os dois se destacam mais que eu, nunca tive problemas com isso. Na verdade nós nunca tivemos problemas nenhum, apenas alguns momentos tive uns conflitos com o Luiz, mas tudo foi superado.
Já estou ficando cansado em escrever, pulei muitas partes, mas tinha que por um caminho, por mais curva que tivesse e por fim, quero falar da pessoa que me surpreendeu muito. Ela se chama Jéssica, minha namorada, sabe nunca tive vontade em namorar novamente, por não querer deixar de fazer algo que continuo fazendo hoje, sair com meus amigos, me divertir com eles, e nunca pensei que existia uma garota que simplesmente queria o mesmo que eu. Pois bem, a encontrei, estamos juntos hoje e já faço planos com ela na minha formatura da faculdade, de pôs graduação...
Obrigado Jéssica por me fazer sentir como um diretor de cinema, a vida é minha e eu sempre sonhei que minha vida fosse assim e você apareceu e tornou tudo isso realidade. Obrigado por me fazer feliz. Obrigado a todos meus amigos, todas pessoas que passaram pela minha vida, sem vocês o meu filme estaria incompleto.

Um comentário:

  1. A hora q eu vi o meu nome ja comecei a chorar......te amoo mlk!

    Renan Dias

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